Marcadores

sábado, 14 de abril de 2012

SONHOS DESFEITOS – Releitura de Drummond por Rosilda Silva



No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho

Mas, e onde está que não a vejo?
Tão bela e diferente era...
Será que um outro alguém a levou antes de mim?

Nunca me esquecerei...



Sonhava com ela, pequeno talismã
sorria-me quando passava,
pedia, implorava-me pra que a levasse,
mas e o tempo?  Esse já não sobrava.

Com ela poderia ter construído castelos,
amansado feras,
curado intolerâncias.

Mas agora...  só me resta a saudade,
pois no meio do caminho,
falta uma pedra.

domingo, 8 de abril de 2012

SONETO DO MISTÉRIO DE ALMAS por Sandra Pereira





SONETO DO MISTÉRIO DE ALMAS
Alma, sensível choras perda humana.
Alma revolta, inquieto passarinho.
A ti encontra a minh´alma que flana
Alheia faz parada em teu caminho.

Alma querida, assim tão generosa,
Chama de luz, és certa de ciência.
A quem socorro alegre, prestimosa
-mistério travestido em coincidência.

Alma que segue sedenta de amor.
Serei eu a resposta que te acalma?
Serás tu lenitivo à minha dor?
Serei eu tua pequena irmã de alma?

Me pergunta uma voz que não se cala.
Serás tu alma-irmã ou gêmea-alma?



Sandra Pereira

TEU SEGREDO por Rosilda Silva


Teu segredo 

Esse teu cheiro é uma dádiva
Tudo em ti recende a frescor
Não sei se do mar, das flores ou frutos
ou da eterna primavera que carregas em ti,
meu amor.

O que sei, é que mesmo não querendo, marcas passagem
Envolvendo e colorindo até a mais sombria madrugada
me consumindo, me inspirando...

Deixando pelo caminho rastros silenciosos
que roubam de mim a razão,
que pairam sobre todas as coisas
e para os quais, limites não há.

Tens em ti o segredo de tudo,
E esse, nem o vento é capaz de levar
És o presente mais intenso,
Um prazer mais demorado,
Um acorde aveludado
Um despertar que não tem fim

Um perfume que abraça a vida
hospeda na pele os desejos
e acalenta o que há em mim.

Rosilda da Silva

SONETO DO PRIMEIRO DES(ENCONTRO) por Sandra Pereira


SONETO DO PRIMEIRO DES(ENCONTRO)
Um forte canto, um gesto franco –primeiro ato!
Minha ironia, um desconforto, antipatia.
Segundo ato: um vil engano, um desacato,
Um mal-me-quer, indignação, antagonia.

Um mau juízo, um sem-perdão, inconformada;
Um “Vergo não!!!”, malcriação e teimosia.
Terceiro ato: o ouvido em ti –eu surpreendida!
Ruminação, eu encantada , porém, fingia.

Ser compreendida, trocar de bem , preocupação.
Eu convertida, muito tocada, porém, ferida
te abri os braços: um “Não fui eu!! Você acredita?”
Silêncio tosco, um desabraço. Condenação!!!

Saiu de cena o olhar carrasco. Parti também!
Desceu o pano. Até um dia, quem sabe! ? Quem?